Caminhamos para o fim da TV tradicional por assinatura? Até quando teremos tantas plataformas?
Carolina Vargas, CEO do Grupo Stenna, analisa futuro da TV por assinatura em meio ao avanço do streaming, em artigo exclusivo para o Top C-level

Trabalho com conteúdo de TV por assinatura há pelo menos 17 anos. Ao longo desta trajetória, vejo o quanto a realidade da acessibilidade mudou. Isso inclui novas tecnologias, alterações no comportamento do consumo de conteúdo, perfis de assinaturas, de entregas, fusões, aquisições, de provedores, de programadoras, de operadoras. Tudo isso em uma forma de reinvenção constante, com foco em um único alvo: o entretenimento individual e coletivo.

Os maiores questionamentos que meus clientes – em sua maioria, produtores de conteúdo – sempre têm são: haverá o fim da TV por assinatura? Como será nosso futuro em meio a tantos conteúdos de internet? A quantidade de conteúdo repetido é saudável? Dúvidas estas que, acredito, assombram quase todas as pessoas que trabalham com o audiovisual. Para onde vamos com tantas novas formas de entrega do conteúdo? 

Somos parte de uma composição de fomento da indústria que vem batalhando para entender a maneira com a qual podemos nortear nossos negócios para que eles sejam duráveis, e, acima de tudo, escaláveis, em todos os “devices” para todas as faixas-etárias. Dois grandes exemplos desta grande ebulição que estamos vivendo seriam: grupos de rádio entregando conteúdo na TV tradicional e canais de TV tradicionais migrando para plataformas de entrega de conteúdo de áudio, como podcasts, ainda hoje pouco acessados quando comparados às demais plataformas.

Ainda que possamos entregar conteúdo, em sua maioria, sem repetição, para um canal de TV linear tradicional, acredito que ele nunca alcançará a mesma sensação de nova programação que a plataforma de conteúdo sob demanda. Plataformas estas que têm o potencial de entregar ao cliente final a chance de escolher, dentre tantos conteúdos, o que mais o agrada, dentre catálogos crescentes, com a liberdade de assistir o conteúdo quando quiser e, possivelmente, jamais repetindo conteúdo assistido.

Tenho pensado e refletido muito sobre isto: até quando teremos tantas plataformas e, o cliente, tantas possibilidades de conteúdo a hora que ele quiser, a sua escolha? Porém, todas as vezes em que o faço, penso também no valor do salário mínimo em nosso país e na quantidade de famílias que precisam optar por uma internet melhor em seus lares, para que a família inteira tenha acesso a qualquer tipo de entretenimento. 

Ou seja, ainda que haja inúmeras plataformas de diferentes tipos para que o cliente possa ter todos os conteúdos que ele tem vontade de acessar como e onde quiser, ainda pesa, na “mesa do Brasileiro”, o valor dos altos impostos que são somados aos nossos produtos e serviços, forçando, assim, o nosso público a escolher o que mais serve à maioria de seus familiares: o “commodity” internet.

Para nossa atual realidade, levando em consideração o aumento massivo e diário que temos da quantidade de plataformas se desenvolvendo e o excessivo volume de desemprego que vivemos, creio que, em pouco tempo, teremos grandes consolidações de plataformas acontecendo e trocando maneiras de entreter, muito além da maneira tradicional de consumir conteúdo, contemplando ainda a inteligência artificial, a segurança de informações e, acima de tudo, a acessibilidade em suas diversas esferas, para garantir direitos igualitários a todos os cidadãos.

Assim, em minha incessante busca pela melhor experiência de entrega do conteúdo, entendendo as tendências que vivemos neste mercado, ainda resta a reflexão: estamos buscando entregar tudo, a todo tempo, a todos? Ou ainda deixamos uma grande parcela de nossa população com acesso restrito, com conteúdos sem sinergia à nossa realidade? 

Aos que leram este conteúdo e tiveram, por fim, a paciência de fazer estas reflexões comigo, deixo aqui o relato de quem vive o medo diário de não trazer, a todos os cidadãos, a maneira mais apropriada de entreter, fazer sorrir e trazer vida a todos os personagens que o nosso tão exigente público busca: fazer o nosso precioso tempo render cada segundo!

Por Carolina Vargas
CEO do Grupo Stenna e membro do
Conselho de Consultores do grupo Top C-Level

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