Painel repercutiu desafios e tendências para broadcasters, ISPs e produtores de conteúdo em meio à mudança de hábitos da audiência e à consolidação do OTT
Por Gabriel Cortez, jornalista da equipe de conteúdo do Top C-Level
O painel “Tendências e desafios em Tecnologia e Negócios no pós-pandemia”, moderado por Alexandre BRITTO (Abotts), foi um dos destaques da programação do Top C-Level Meetings São Paulo, na manhã dessa sexta-feira, 26 de agosto de 2022.
Igor Macaubas, diretor de Plataformas Digitais da Globo, afirmou que a Globoplay teve um aumento de 30% em sua base de assinantes durante a pandemia, e esse crescimento se manteve no período pós-pandemia.
“Houve uma mudança mesmo nos hábitos de consumo. Não tivemos queda nessa base de assinantes no pós-pandemia, e a gente continua observando crescimento no KPA de tempo que as pessoas passam assistindo o streaming da Globo”, disse.

A necessidade de capilarização do CDN próprio da Globo em meio ao crescimento de tráfego registrado na pandemia foi outro aspecto evidenciado por Igor Macaúbas.
“A Globo opera sua própria CDN, um projeto que desenvolvemos desde 2018. Eu trafego mais dados do que muitas CDNs comerciais do Brasil, considerando só os nossos assinantes. Quando você chega em um nível de escala desse, você precisa operar o seu próprio CDN. Foi um movimento que fizemos de forma antecipada e foi importante para passarmos por este período de grande tráfego da pandemia.”
“Foram dois anos sem produzir nada. O impacto disso foi enorme e, agora, estamos vendo uma corrida no sentido contrário. A Globo está em sua segunda novela das nove já produzida no pós-pandemia”, acrescentou.

Possibilidade de consumo ampliada: “Vivemos o OTT, não vivemos mais o DTH”
Pablo Mancuso, da Accion Group, lembrou que a TV aberta segue forte, a TV paga segue forte, as plataformas de streaming crescem, as mídias digitais crescem, o consumo de podcasts cresce. “A possibilidade de consumo se ampliou”, disse.
Jamyson Machado Gois, diretor da ITTV Telecomunicacoes LTDA, ressaltou o crescimento e a consolidação também do mercado de ISPs no período. “Nós, na ITTV, também crescemos 30% na pandemia. Hoje temos mais produtos para vender e redes para entregar, nesse universo convergente, ainda com o OTT e o streaming. O meu público é C, D e E e precisamos pensar em que modelo de negócio nós estamos construindo para eles. Não podemos ‘parar’ no modelo DTH. Precisamos evoluir. Vivemos o OTT. Não vivemos mais o DTH. Precisamos criar um modelo de negócios considerando isso.”

Estar presente em todas as plataformas custa caro
Clézio Da Cunha Costa, diretor de TI do Grupo Jovem Pan, lembrou que a base de dados do Panflix também dobrou no período. “Durante a pandemia, adotamos a estratégia de criar uma API com o YouTube, a Panflix. Desde o fim da pandemia, a base de dados do PanFlix dobrou. A quantidade de cadastros aumentou, ao invés de diminuir, como se chegava a pensar que ocorreria. Hoje a nossa base de dados está próxima dos 4 milhões.”
“Se nós não tivéssemos passado pela pandemia, talvez estivéssemos neste momento de discussão daqui um ano. Não podemos deixar de estar presentes em todas as plataformas, mas isso custa caro. No streaming, precisamos de muito investimento em hardware. Precisamos pensar em como vamos lidar com esta situação. Eu ter um aplicativo em uma Smart TV da Samsung, por exemplo, custa. A pandemia também aumentou drasticamente a demanda dos ISPs. Os produtores ficaram um bom tempo sem produzir e, agora, precisam voltar pensando em 8K, não podem mais pensar em HD. Isso tudo custa. O maior desafio é como vender o conteúdo neste cenário em que precisamos vender em pay TV, OTT, etc.”

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