Modelo de produção aponta para mudança sísmica no espaço “ao vivo” e “quase ao vivo”
Por Neil Maycock, Grass Valley
Editado por Equipe editorial de conteúdo TOP C – Level
Reconhecemos o valor do conteúdo premium ao vivo, especialmente agora que todos os principais esportes globais parecem estar de volta aos estádios e arenas. Seja o recente torneio de tênis US Open, o Primetime Emmy Awards de 2021, ou as eliminatórias da Copa do Mundo da FIFA, o grande evento premium ao vivo vai ser o destaque da programação eirá reunir nações inteiras e audiências globais.
No entanto, há uma vertente vibrante e crescente de conteúdo de entretenimento ao vivo (live),e quase ao vivo (near-live), que está encontrando cada vez mais público nas plataformas de consumo não tradicionais. Por meio dessa programação, as empresas de mídia estão encontrando novas maneiras de se envolver com grupos demográficos muitas vezes difíceis de alcançar.
Programas como “Strictly Come Dancing/Dancing with the Stars”, que recentemente lançou sua última temporada no Reino Unido e nos EUA, “‘I’m A Celebrity Get Me Out ofHere…” e “Love Island” se tornaram imperdíveis para os fãs ansiosos para descobrir quem é bom, quem é ruim, quem está dentro, quem está fora e, finalmente, quem é o grande vencedor. O sucesso desses programas destaca a crescente popularidade do gênero ‘reality‘ e corresponde à maior globalização do conteúdo de entretenimento ao vivo.
Igualmente impressionante é o fato de que a reality TV se ramificou em outras áreas de programação ao vivo que abrangem o streaming OTT e as plataformas de redes sociais. Estes programas de conteúdo ao vivo, ou quase ao vivo, podem ser produzidos por um custo relativamente baixo, utilizando cada vez mais a produção em nuvem, e depois distribuídos de maneiras inovadoras, promovendo o engajamento do público nasredes sociais e em elementos interativos, como a votação do público.A Reality TV não é nova, e programas como“Big Brother” e “Survivor”demonstram que o formato do conteúdo ao vivo e quase ao vivo tem uma herança.
Novos formatos, novas oportunidades de negócio
O crescimento na diversidade e o alcance que os reality shows podem desfrutar repentinamentecom a evolução do gênero na era multidispositivo, impulsionado pelo engajamento ativo através de plataformas sociais e fãs altamente conectados que querem interagir através de múltiplas mídias. A televisão, o streaming, e as redes sociais agora trabalham juntos, como parte de uma estratégia mais ampla de engajamento de marca.
Por exemplo, a versão britânica de “Love Island”, lançada em 2006, gerou pouco mais de 2 milhões de visualizações (metade das do seu então rival “Big Brother”) e foi considerada um relativo fracasso. No entanto, de acordo com a ITV, em 2018 “Love Island” atingiu um pico de audiência de 3,3 milhões de espectadores em todos os dispositivos, a maior audiência de canais digitais do ano, e atingiu uma audiência média de 5,9 milhões em sua temporada de 2020. Este ano, após um hiato de 16 meses, a série voltou à média de 4 milhões por episódio em todos os dispositivos, e foi o programa mais assistido pelos jovens de 16 a 34 anos, em qualquer canal, por 44 noites seguidas. E foi um sucesso comercialcom os anunciantes pagando 100.000 libras por anúncio. Pra se ter uma ideia, dentre os nove patrocinadores oficiais do programa estava uma marca de entrega de alimentos que pagou 5 milhões de libras pelo privilégio de anunciar ali.
O público de TV é apenas uma pequena parte de um engajamento que se estende a conteúdo online exclusivo, postagens nas redes sociais antes da transmissão na TV, e memes compartilhados nas contas oficiais do programa no Twitter, Instagram e Snapchat. Essa atividade é ainda mais amplificada por enquetes, jogos, questionários e notificações por meio do aplicativo oficial do programa, incluindo alertas cinco minutos antes do programa. E recentemente, “Love Island” fez de seu próprio aplicativo o único método pelo qual o público poderia votar no programa. Além disso, de acordo com o Social TV Ratings da Kantar Media, “Love Island” se tornou a série de TV mais comentada no Twitter em 2018, gerando bem mais do dobro de tweets que seu rival mais próximo. Durante sua temporada de 2021, #loveisland foi tendência no Twitter todas as noites, sua conta oficial no Instagram contava com 3 milhões de seguidores e sua página no Facebook subiu para quase 1,5 milhões de seguidores com mais de 1,3 milhões de curtidas.
“Se não pode vencê-los, use-os, e gratuitamente!”
Embora o público de TV seja fundamental para a marca “Love Island”, seu envolvimento com o cliente é verdadeiramente multiplataforma e destaca uma tendência significativa para a mídia e o entretenimento, um setor que antes estava pronto para lutar contra a invasão das redes sociais. Hoje em dia, as empresas de mídia de TV que transmitem esses tipos de programas dizem claramente: ‘Se você não pode vencê-los, então use-os, e gratuitamente!’ O resultado para “Love Island” é que, em todas as mídias, o programa oferece uma mina de ouro demográfica para os anunciantes, já que a maioria da audiência é composta pela faixa etária de 18 a 29 anos, considerada uma faixa de difícil acesso.
Outra constatação, mais centrada na produção, é que o conteúdo visual, mesmo horas de gravações que nunca foram ao ar, continuará sendo aproveitado. O potencial de não apenas reutilizar conteúdo em várias mídias, mas também de reutilizá-lo como material para videogames interativos, conteúdo exclusivo para a web, memes sociais, ou uma centena de outros casos de uso, dentro de um modelo de negócios incrivelmente eficiente.
Outra tendência emergente é o uso de técnicas de produção remota e tecnologias de mídia baseadas na nuvem para obter a flexibilidade necessária no mercado atual de mídia e entretenimento. No caso de “Love Island USA”, a versão 2020 do programa adotou uma plataforma remota para atender às recomendações de distanciamento social da COVID. Embora o programa tenha sido filmado e finalizado em vários hotéis de Las Vegas, a produção estava espalhada por Los Angeles, com operadores na Austrália, consultores técnicos nas Filipinas e equipes de gerenciamento no Reino Unido.
A produção ainda usou 300 editores remotos via HP RGS (Remote Graphics Software) para acessar até 1,5 Pb de mídia hospedada em Las Vegas via link IP/fibra dedicado para garantir a realização do programa cinco noites por semana. Da mesma forma, a edição de 2021 usou uma configuração de produção distribuída igualmente complexa que incluiu vários locais de filmagem no Havaí e instalações de produção em Los Angeles.
Um modelo de sucesso

Levar “Love Island USA” ao ar, em uma pandemia, com uma qualidade de produção tão alta por dois anos consecutivos é notável e prova a incrível engenhosidade de uma equipe conjunta que incluía a ITV America, Bexel/NEP Broadcast Services e The Switch, entre outros. Ambas as produções ultrapassaram o limite do que era tecnicamente viávelenquanto permaneciam a salvo da COVID.
Existem empresas de mídia em todo o mundo olhando para o modelo “Love Island” e testando as águas com propostas que não dependem de garantir direitos para o próximo grande evento esportivo. A realidade é que “Love Island” é simplesmente o exemplo de uma mudança sísmica que está acontecendo no espaço ao vivo e quase ao vivo. De fato, o mercado de mídia está adotando não apenas novos programas premium de entretenimento ao vivo, mas também inovação técnica e uma transformação mais ampla com parceiros e clientes em todo o mundo. Seja para TV linear, streaming ou redes sociais, ou mais provavelmente todas as anteriores, é a hora certa para a experimentação ao vivo com plataformas de produção na nuvem de uma forma mais fácil, mais eficiente e mais escalável do que nunca
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