Por Larissa Goerner, Grass Valley
A realidade das capacidades da produção remota, em que apenas uma pequena quantidade de equipamentos e menos funcionários são necessários no local, está ganhando enorme popularidade e criou uma mudança de paradigma na forma como o conteúdo é capturado e produzido. A economia de tempo e custo, sem falar no impacto positivo sobre o meio ambiente resultante do envio de equipes menores, menos equipamentos e menos veículos (e mais leves) ao redor do mundo, são apenas alguns dos principais motivos.
A produção remota tem muitos tipos, desde trabalhar em um hub de produção centralizada até a produção distribuída. Com esta última, a equipe, incluindo o diretor, diretores técnicos (TD), operadores de replay e engenheiros de som, estão em locais diferentes, ao invés de no mesmo local ou estúdio. Essa equipe pode ser distribuída por um país, vários países ou até mesmo por continentes. Pode haver vários centros de produção para cada tarefa e, em alguns casos, os centros podem até estar localizados nas casas da equipe de produção.
Existem várias formas de trabalhar em uma produção distribuída, sendo que uma das mais eficientes requer um processamento de alta qualidade próximo ao local onde a ação acontece, enquanto a equipe trabalha com vídeos proxy. Os streams de vídeo de origem são comprimidos a cerca de 1,5 Mb/s ou até menos, embora ainda com qualidade alta o suficiente para que a equipe de produção possa tomar as decisões certas para garantir a melhor experiência para os telespectadores. Essa baixa largura de banda permite que equipes distribuídas trabalhem através da Internet pública, economizando significativamente em links de alta contribuição.
Maximizar recursos e entregar produções ao vivo de alta qualidade com melhor custo-benefício é algo em que todos os broadcasters e produtores de conteúdo estão focados, e fluxos de trabalho de produção sustentáveis – como aqueles com equipes distribuídas – os ajudam a alcançar esse objetivo. Trabalhar de forma mais sustentável não apenas oferece uma alternativa às grandes e complexas configurações de broadcast externo (OB) com grandes equipes técnicas e criativas no local, mas também permite que a equipe de produção cubra mais eventos ao vivo por dia. Como um benefício adicional, os melhores operadores e editores no negócio podem fazer parte – onde quer que estejam no mundo – contribuindo com suas habilidades para mais produções ao vivo. Para esportes de nicho ou produções menores que desejam oferecer mais cobertura ou criar seu próprio material, os fluxos de trabalho distribuídos oferecem uma solução mais econômica, mantendo as despesas gerais ao mínimo, sem comprometer a qualidade.
Quando as pessoas trabalham em um hub central, geralmente também trabalham juntas nas mesmas produções. A diminuição na demanda por viagens e o aumento na consistência do fluxo de trabalho que os modelos de produção remota permitem, levam a um melhor conteúdo. Menos tempo gasto em viagens não apenas libera a equipe para tarefas criativas de maior valor, mas também significa menos cansaço, menos tempo fora de casa e um melhor equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.

Para broadcasters e proprietários de conteúdo que já estão trabalhando com fluxos de trabalho de produção remota, a produção distribuída é a próxima etapa lógica, e as vantagens comerciais são evidentes. Na Grass Valley, vimos uma série de produções distribuídas de sucesso, como a implementação do GV AMPP (Agile Media Processing Platform) da Activision Blizzard na primavera de 2020. A plataforma de software como serviço (SaaS) baseada em nuvem permitiu que o líder de esportes eletrônicos mantivesse suas partidas da Overwatch League e Call of Duty League no ar com produção remota verdadeiramente distribuída. Reunindo cerca de 60 pessoas na operação geral baseada em nuvem, incluindo apresentadores, observadores, produção e equipe técnica, o AMPP Master Control permitiu que todos os operadores e apresentadores trabalhassem a partir de suas casas.
A produção do evento GV Live Presents: Engage 2020 da própria Grass Valley, em outubro passado, também foi realizada por uma equipe distribuída. O evento foi distribuído em sete locais e dois continentes, incluindo o estúdio principal na Flórida, com tudo, desde gráficos animados, feeds de vídeo ao vivo e orquestração de controle mestre, até feeds de vídeo ao vivo pré-gravados, entrevistas e sessões de painel inteiramente administradas na nuvem. O novo AMPP System Dashboard foi fundamental para o bom funcionamento da produção, fornecendo uma visão geral de toda a infraestrutura implementada para montar o programa ao vivo. Ele nos permitiu ter muitos componentes diferentes – o switcher de produção principal, vários reprodutores de clipes e um mixer secundário – na mesma tela, para que tivéssemos uma visão clara do que exatamente estava acontecendo em todo o fluxo de trabalho. Adotar uma abordagem virtual de nuvem também liberou a equipe de produção de ficar em um único local físico. Tínhamos uma pequena equipe de produção de três pessoas, incluindo o diretor e o diretor técnico (TD), em um ambiente seguro contra COVID no estúdio da Flórida, o áudio e o controle mestre eram feitos no Reino Unido e a reprodução de clipes na Bélgica.
A partir de nossas experiências com o GV Live Presents, além de permitir que nossos clientes executem produções distribuídas, descobrimos três pontos de importância crítica. Em primeiro lugar, escolher as ferramentas certas e não comprometer a qualidade: com o lançamento do GV AMPP, permitimos aos clientes trabalhar de qualquer lugar com a mais alta qualidade e sem concessões, pagando apenas pelo tempo que o equipamento estiver em uso. Em segundo lugar, é fundamental entender seus requisitos: depois de identificar seus requisitos, selecione as ferramentas de produção de que precisa e certifique-se de que sua equipe está bem treinada para usá-las. Por fim, uma produção bem-sucedida é baseada numa comunicação sólida e isso se torna ainda mais importante no caso de um fluxo de trabalho distribuído: as funções e responsabilidades precisam ser comunicadas claramente, juntamente com detalhes de quando as coisas devem começar/terminar, com um ou dois técnicos disponíveis para ajudar na configuração e suporte durante o evento.
A forma de fazer televisão está passando por uma verdadeira mudança, especialmente no ambiente atual, onde as pessoas não podem sentar-se nas suítes de produção ou nas unidades de transmissão OB ao lado umas das outras. A pandemia global tem destacado a necessidade de produções flexíveis, mas os benefícios vão muito além da necessidade de operar com segurança em condições pandêmicas e manter o conteúdo fluindo. À medida que as necessidades de sustentabilidade e eficiência se atendem, a produção distribuída oferece benefícios claros comercial, operacional e ambientalmente.
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